Rentabilidade negativa na renda fixa
Publicado em 29/08/2017
Recebi mensagem de um leitor com um questionamento muito interessante. Como se explica a rentabilidade negativa de um investimento que assegura juros de 6% ao ano acima da inflação medida pelo IGP-M? Ele participa de um plano de previdência desde 1999 com essa garantia de rentabilidade mínima e observa, com preocupação, que o saldo do seu investimento vem caindo desde o mês de abril.
Vale dizer que os planos com essa garantia de rentabilidade tão generosa não estão mais disponíveis para novas adesões. Deixaram de ser comercializados, mas os participantes dos planos adquiridos no passado tiveram o direito assegurado de manter o plano contratado.
Foi o que, sabiamente, fez o leitor que me escreveu. A perspectiva de ganhar juro real de 6% ao ano sobre um capital de longo prazo é perfeita. Assegura a reposição das perdas inflacionárias de acordo com a variação do IGP-M e adiciona o generoso prêmio de 6% ao ano. Nada mal! Mas, se é tão bom, como explicar o resultado negativo?
Estamos tão acostumados com o cenário de inflação (elevação de preços) que sempre esperamos uma variação positiva do índice que mede o comportamento dos preços ao longo do tempo. Observando o histórico, raramente encontramos períodos de deflação, ou seja, redução nos preços da cesta de consumo utilizada para calcular o índice.
Desde 1999, o IGP-M ficou negativo somente em dois períodos: 1,71% no acumulado de 2009 e 2,67% de janeiro a julho de 2017. No mesmo período, o IPCA foi sempre positivo. Entretanto, no acumulado dos 18 anos e meio, o IGP-M (334,25%) superou o IPCA (231,97%) por larga vantagem. É compreensível por que o produto que garante essa rentabilidade parou de ser comercializado, uma promessa de rentabilidade que coloca em risco a solvência da seguradora que assume o compromisso.
Mas vamos voltar para o leitor aflito e apreensivo com a queda do valor investido no plano. Em 31 de março, o saldo era de R$ 281.281,81, e, em julho, de R$ 277.128,19. Acostumado com rendimentos sempre positivos, não se tranquilizou com as poucas e rasas explicações que recebeu.
Trocar de plano é uma das coisas que passam pela cabeça desse investidor.
Me apresso em tranquilizá-lo e explico que essa oscilação no curto prazo não deve orientar sua decisão de trocar de plano. No longo prazo, o desempenho é muito favorável e vence outras alternativas de investimento de renda fixa.
O que explica essa rentabilidade negativa é a também negativa variação do IGP-M de abril a julho deste ano. Se a variação negativa do IGP-M for superior a 0,5% ao mês (equivalente a 6% ao ano), a rentabilidade final será negativa, apesar do juro real que o plano credita.
A tabela mostra o saldo do investidor no ultimo dia de cada mês e a rentabilidade (negativa) do plano nesses meses. Na coluna seguinte, a variação negativa do IGP-M, superior a 0,5% em todos os meses verificados. Na última coluna, a variação negativa do IGP-M mais juro de 0,5% ainda produz resultado negativo.
A pequena diferença entre a rentabilidade negativa do plano (coluna rosa) e a variação negativa do IGP-M acrescida de 0,5% (coluna azul) se justifica em razão de outros fatores que afetam o valor dos ativos da carteira do fundo.
Quando a economia voltar a crescer, esperamos todos que, em breve, o IGP-M deva refletir valores positivos e a rentabilidade do fundo volte a crescer.
Fonte: Folha Online - 28/08/2017
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