Funcionária que revelou áudios sobre PPP de luz diz ter recebido propina de empresa por 8 meses
Publicado em 29/03/2018 , por TAÍS HIRATA
FM Rodrigues nega pagamentos a agentes públicos; prefeitura exonera diretores do Ilume
Em depoimento ao Ministério Público, a ex-secretária do Ilume, Cristina Chaud Carvalho, responsável pelo vazamento de áudios que levou à investigação por fraude na PPP de iluminação da cidade de São Paulo, afirma que recebeu uma propina de R$ 3 mil, cujos recursos vinham da FM Rodrigues, vencedora do contrato bilionário.
Os pagamentos duraram oito meses, segundo o depoimento. Os repasses teriam se iniciado em 17 de abril, quando a funcionária começou a trabalhar no gabinete.
O valor teria sido acertado em meados de março, quando a ex-diretora Denise Abreu chamou Cristina para a vaga por indicação de um conhecido. A secretária receberia um salário de R$ 2 mil, que seria complementado pelos R$ 3 mil.
O dinheiro era entregue por Denise, sempre em dinheiro, na semana seguinte ao pagamento oficial, e sem a presença de testemunhas, diz o depoimento.
Inicialmente, Denise teria dito a Cristina que os recursos vinham de verba do gabinete, mas depois ficou claro que os recursos eram repassados à ex-diretora da FM Rodrigues, segundo a secretária, que registrou o momento de uma das entregas em gravação.
Em seu relato, Cristina, que era responsável pela agenda de Denise com vereadores, prefeitos regionais e executivos de empresas, afirma que nem todos os compromissos eram registrados na agenda –caso dos encontros com o executivo Marcelo Rodrigues, dono da FM Rodrigues. Ela diz que Rodrigues tinha acesso livre ao gabinete, o que poderia ser comprovado pelos registros do edifício-sede do Ilume.
Ela conta que decidiu começar a gravar as conversas para registrar possíveis casos de assédio moral, mas que começou a desconfiar de determinadas conversas.
A FM Rodrigues afirmou, em nota, que a empresa não pagou, favoreceu ou beneficiou qualquer agente público ao longo do processo da PPP e que repudia declarações, que seriam de origem questionável, veiculadas pela imprensa nos últimos dias.
As gravações divulgadas pela ex-secretária levaram à demissão de Denise Abreu na semana passada.
O advogado Roberto Podval, que representa Denise, afirmou que "as gravações clandestinas de uma secretaria com seus colegas de trabalho bem demonstram o caráter de quem gravou. Não há dúvida de que em breve saberemos os reais interessados em todo esse lamentável episódio”.
'ESQUEMA SUJO'
Segundo o relato, Cristina afirma que no dia 24 de novembro, se encontrou com uma engenheira do Ilume, Viviane Anaya Castro, que teria relatado a existência de "um esquema que movimentava dinheiro sujo com muita propina" para Denise Abreu e para Michel Kange, engenheiro civil do Ilume, "visando o favorecimento e o direcionamento da licitação da PPP da iluminação pública de São Paulo para a empresa FM Rodrigues".
Na conversa, a engenheira também teria relatado propina ao "Doutor Thomas" –que seria José Thomaz Mauger, do departamento jurídico. Segundo Cristina, Denise conversava com frequência com ele sobre a contrava em dificuldades financeiras e precisava efetuar pagamentos da mensalidade escolar de seu filho que estavam atrasadas, no valor de R$ 30 mil.
A secretária ainda disse ao Ministério Público que teria "inúmeros e-mails em seu poder demonstrando a existência desse esquema criminoso de favorecimento da empresa FM Rodrigues".
Segundo a promotora de Justiça Karyna Mori, os e-mails ainda não estão em poder do Ministério Público, mas deverão ser entregues pela secretária.
A Secretaria Municipal de Serviços e Obras afirmou em nota que seis funcionários do Ilume foram exonerados. São eles: o advogado José Thomaz Mauger; a engenheira Viviane Anaya de Castro; o diretor de manutenção Luis Augusto Panadés; Ana Claudia Pierry Camargo Kim, do departamento jurídico; o diretor de planejamento e expansão Flavio Barbuy; e a fotógrafa Sandra Ceglia de Abreu.
Fonte: Folha Online - 28/03/2018
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