Alta do dólar faz BC manter taxa básica de juros
Publicado em 18/05/2018 , por Maeli Prado e Flavia Lima

Na avaliação de analistas, autoridade monetária teme efeitos do câmbio sobre a inflação e os investimentos
O BC (Banco Central) reagiu à alta do dólar. Por unanimidade, manteve os juros básicos da economia em 6,5% ao ano, ao mesmo tempo em que sinalizou o fim do ciclo de cortes no juro iniciado em outubro de 2016.
O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) considerou que a recente turbulência no mercado internacional, com alta de juros nos EUA e tendência de valorização do dólar, tornou desnecessário um corte adicional nos juros, que estão no patamar mais baixo da história.
“A evolução do cenário básico e, principalmente, do balanço de riscos tornou desnecessária uma flexibilização monetária adicional”, disse o BC em comunicado.
No texto, o BC ainda disse que o comitê deve manter a Selic nas próximas reuniões.
A decisão surpreendeu o mercado: foi prevista por apenas um dos 38 economistas e casas ouvidos pela agência de notícias Bloomberg — John Welch, do HSBC. Para os outros 37, o BC cortaria em 0,25 ponto percentual.
“Foi uma decisão tomada exclusivamente por causa da mudança no cenário externo”, disse José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, para quem a decisão é justificável. “Como é possível que a alta do dólar gere inflação, cabe a cautela.”
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, concorda. Ele avalia que a decisão foi um sinal de alerta do BC em relação aos fatores que podem pressionar a inflação daqui até o fim do ano.
Para ele, isso pode significar algo até então fora do cenário: uma alta dos juros antes do imaginado se a taxa de câmbio não se acomodar logo.
“Os alimentos vão subir mais, especialmente carnes, que devem puxar bastante. E a desvalorização cambial tende a se intensificar com as eleições mais próximas”, diz.
A comunicação do BC, no entanto, foi alvo de críticas de parte dos economistas.
Juan Jensen, sócio da 4E consultoria, diz que a comunicação do BC foi ruim. Segundo ele, o Banco Central teve vários momentos para sinalizar a intenção de interromper o ciclo de baixa e não o fez em nenhum.
“Ilan foi à TV há cerca de uma semana e deu sinais de que os juros cairiam. Claramente houve um problema de comunicação”, disse, em referência à entrevista concedida à GloboNews.
Para ele, uma taxa Selic 0,25 ponto percentual mais baixa não faria muita diferença, especialmente porque o mercado de crédito está travado.
“O canal de transmissão de uma Selic mais baixa via mercado de crédito está entupido e só deve melhorar quando os bancos tiveram maior clareza sobre o cenário eleitoral”, diz ele. Um candidato mais afeito às reformas, afirmou, abriria espaço para juros menores por um prazo mais longo, baixando a guarda dos bancos.
Menos otimista do que a média, Jensen mantém, desde meados do ano passado, a previsão de alta de apenas 1,9% para o PIB em 2018.
Com uma leitura diferente, Solange Srour, economista-chefe da gestora ARX Investimentos, diz que o BC ganha credibilidade com a decisão, abrindo espaço para um real menos pressionado.
“A comunicação não foi ruim. Eles deixaram claro que só reduziriam mais 0,25 ponto porque achavam que havia risco da inflação ficar muito abaixo da meta”, diz ela. “Hoje esse risco é menor”, avalia.
Para o economista-chefe do banco Santander, Maurício Molon, o mercado estava inquieto com a possibilidade de o Banco Central baixar ainda mais a taxa Selic, estreitando o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA—algo que poderia pressionar ainda mais o câmbio.
A diferença de juros pesa na decisão de investimentos. Os juros afetam o preço de títulos públicos —são maiores em países mais arriscados e menores em países mais seguros.
A diferença de juros entre Brasil (hoje mais arriscado) e EUA (mais seguro) estava se estreitando. A leitura dos especialistas é que isso em algum momento deixaria o mercado local menos atraente para os investidores.
Fora do radar da pesquisa da Bloomberg, Fabio Silveira, sócio-diretor da MacroSector Consultores, era um dos poucos que esperava manutenção dos juros. Para ele, altas dos preços agrícolas no atacado, dos combustíveis e do dólar impedia um novo corte. “O presidente do Banco Central disse há dez dias que os juros iam cair. Errou feio”, diz.
Fonte: Folha Online - 17/05/2018
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