Planejar a aposentadoria parece uma missão difícil: juntar dinheiro mensalmente, fazer bons investimentos, fugir das dívidas para aumentar a sua capacidade de poupança, e assim por diante. Para começar, o que muitos especialistas recomendam é fazer uma estimativa de quanto você vai precisar juntar para poder manter o seu padrão de vida.
 
Para isso, recorremos a calculadoras de aposentadoria, nas quais o usuário lança suas despesas básicas e o sistema diz um número como resultado: vamos supor R$ 1 milhão, o exemplo clássico do sonho de tantos brasileiros.
 
Muita gente fica desanimada só de pensar e perde o pique de continuar o projeto. Muitos se justificam: “Depois eu penso nisso, agora estou muito ocupado” – e o depois vira nunca. Segundo o economista comportamental Dan Ariely, o problema é que saber quanto você precisa poupar é que este número “não se traduz em nada que possamos visualizar ou compreender e, desta forma, não nos motiva a tentar guardar mais dinheiro”.
 
Além disso, ter um número definido (o tal do R$ 1 milhão) não nos permite saber que estilo de vida esse dinheiro pode bancar. Dá para viajar anualmente para fora do país? Dá para comprar uma casa na praia? Sem fazer as contas no detalhe, fica difícil visualizar que tipo de vida você teria com aquele valor na conta bancária.
 
Seria muito melhor se os planos de previdência oferecessem pacotes com base na sua capacidade de poupança: poupando R$ 500 por mês, você consegue se aposentar e sair para jantar fora toda semana com a esposa. Com R$ 1.000 por mês, dá para viajar todo ano no país. A motivação – e a compreensão – viriam muito mais facilmente.
 
Por fim, uma questão grave atrapalha ainda mais o projeto aposentadoria, ainda mais nos tempos em que estamos vivendo: a inflação. Pois R$ 1 milhão hoje não valerão o mesmo daqui a 20 ou 30 anos. A inflação corrói o nosso poder de compra, e por isso mesmo é tão importante fazer bons investimentos. Esta é a única forma de se proteger contra o dragão da inflação – e, de quebra, você aproveita o poder dos juros compostos para dar um gás no seu patrimônio.
 
Ao saber que você precisa juntar R$ 1 milhão para se aposentar tranquilamente, você tem que considerar que este valor refere-se ao poder atual de compra e projetar quanto ele vai valer daqui a algumas décadas, o que exigiria fazer a conta de valor futuro desse montante.
 
Parece tudo complexo e difícil, e não é à toa que a maioria dos brasileiros desiste antes mesmo de tentar. Para quem quer uma ajuda para se motivar a guardar para o futuro, existe uma outra saída. Estudos mostram que ver uma projeção de como estaremos no futuro nos motiva a poupar mais. Usar um simulador online (por exemplo, o site http://in20years.com/)  para ver como você ficará daqui a duas ou três décadas é uma forma chocante de se solidarizar com o seu eu-futuro.
 
Post em colaboração com a jornalista Carolina Ruhman Sandler

Fonte: G1 - 11/11/2016