Quanto você paga para investir?
Publicado em 05/12/2017 , por Marcia Dessen
Quem investe em fundos de investimento e planos de previdência investe coletivamente contratando o serviço de um administrador profissional para tomar decisões de investimento que sozinho não quer ou não está em condições de tomar.
O preço do serviço é a taxa de administração, descontada automaticamente e diariamente no valor da cota. A rentabilidade divulgada é líquida dessa taxa, mas ainda bruta do IR. Talvez isso ajude a explicar por que muitos investidores não sabem quanto pagam para investir. Ou, pior, acham que não pagam nada e não entendem por que a rentabilidade do produto é tão baixa.
Muitos não se dão conta do impacto desse custo no saldo acumulado ao longo do tempo. A taxa de administração incide sobre todo o capital investido, e não apenas sobre o rendimento, como acontece com o IR. Pagar uma taxa de 2% ao ano, por exemplo, durante dez anos coloca 20% do seu capital no bolso do administrador. Em 20 anos, 40%.
Um exemplo numérico simplificado para deixar mais claro o impacto no bolso. Suponha uma aplicação de R$ 10.000 por dez anos com juros estáveis de 7% ao ano. Em Tesouro Selic, com taxa de 0,30% ao ano, o valor bruto acumulado será de R$ 19.127. Em fundo de investimento com taxa de 2% ao ano, o valor bruto será de R$ 16.289. Num plano de previdência com taxa de 3% ao ano, o saldo acumulado será de R$ 14.802.
O investidor que não tem consciência do custo e do seu impacto acha que o fundo ou plano está rendendo pouco. Não, caro investidor, os três produtos renderam exatamente a mesma coisa, R$ 19.671 ou 96,7% em dez anos, antes da cobrança da taxa de administração. A diferença sai do seu bolso para o bolso do administrador.
Fundamental saber quanto você está pagando para investir. Antes, com os juros no patamar de 14%, uma taxa de administração de 3% representava 21% do seu capital, custo nem um pouco desprezível. Agora, com os juros em patamar de 7%, a mesma taxa de 3% representa 43% do seu patrimônio!
Não espere que a instituição financeira ofereça um produto com custo menor, essa é a receita dela. Se você não reclama, é porque está tudo bem. E não está. A iniciativa deve ser sua, pesquise a taxa de administração cobrada pelo seu banco e por outras instituições financeiras do mercado para aplicações da quantia de que você dispõe para investir.
E não se renda ao argumento de que, para sair de um fundo para outro, terá de pagar Imposto de Renda. Lembre-se de que o IR será pago sempre, qualquer que seja a taxa de administração do fundo. A alíquota será maior (entre 22,5% e 20%) caso o prazo da sua aplicação não tenha completado dois anos (15%). Pague e mude. Como o IR incide somente sobre os rendimentos, esse imposto adicional será rapidamente recuperado com a redução da taxa de administração.
Se o produto é plano de previdência, você não precisa resgatar, faça a portabilidade de um plano para outro, na mesma ou em outra seguradora. Nesse caso não haverá IR, mas você pode se defrontar com o pagamento da taxa de carregamento.
Cobrada na entrada ou na saída dos planos de previdência, incide uma única vez sobre o capital aplicado ou sobre o valor de resgate. Não se curve a mais esse obstáculo ou argumento. Se o investimento é de longo prazo, melhor pagar uma única vez do que continuar pagando taxa de administração todos os anos.
Mais um exemplo simplificado para assegurar que fui clara... O rendimento bruto de uma aplicação de R$ 10.000 por um ano, com juros de 7% ao ano, será de R$ 700. O administrador fica com R$ 300 (taxa de administração de 3%), e o investidor, com R$ 400. Depois de pagar Imposto de Renda de 15%, o investidor ficará com R$ 340, praticamente o mesmo ganho da instituição financeira. Tem alguma coisa errada nessa equação, você concorda?
Quem investe em depósitos bancários deve ficar atento também; a instituição financeira lucra pagando apenas parte da taxa de juros. Quem investe em CDB a 80% do CDI de 7%, ganha a mesma coisa que ganharia em um fundo que cobra 1,4% de taxa de administração. Sua meta é ganhar próximo a 100% da taxa de juros.
Investir coletivamente é bom, mas a relação custo-benefício precisa ser mais justa. Pense nisso e seja rápido, não deixe para amanhã.
Fonte: Folha Online - 04/12/2017
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