Taxas de fundo de renda fixa já comem 36% do lucro do pequeno aplicador
Publicado em 20/03/2018 , por Anna Carolina Papp
O declínio da taxa básica de juros (Selic) nos últimos dois anos e meio derrubou a rentabilidade dos fundos de renda fixa. Apesar disso, as taxas de administração cobradas nesses produtos permaneceram praticamente inalteradas, sobretudo para quem tem pouco dinheiro para aplicar. Em 2016, para o pequeno investidor, as taxas corroíam R$ 2 a cada R$ 10 de lucro. Já em 2017, apesar de terem baixado, abocanharam mais de um terço dos ganhos (R$ 3,60 a cada R$ 10) – tornando até a poupança mais vantajosa.
Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), a taxa média de administração dos fundos de renda fixa de dezembro de 2016 a dezembro de 2017 ficou praticamente estável – recuou de 1,02% para 1,01% ao ano, embora a Selic, que baliza esses investimentos, tenha caído praticamente à metade no período, de 13,75% para 7% ao ano.
Já sob a perspectiva do pequeno investidor, com tíquete de entrada de até R$ 1 mil, as taxas desses fundos recuaram de 2,68% para 2,55% ao ano. Mas, o que parece boa notícia esconde um grande achatamento. Segundo cálculos da pesquisadora do Ibre-FGV e planejadora financeira Myrian Lund, em 2016, a taxa de 2,68% ao ano corroía, em média, 19,49% da rentabilidade dos fundos. Já no ano passado, apesar de ter diminuído, ela passou a corroer, em média, 36,43% dos ganhos das aplicações.
“É muita coisa. As taxas de administração não caíram na mesma proporção que a Selic, e quem paga essa conta é o pequeno investidor”, afirma Myrian. “Ele só consegue taxas altas. E taxas de administração acima de 1%, na renda fixa, não valem a pena”, observa.
Assim, os fundos de renda fixa agora pagam ao pequeno aplicador, em média, menos do que a própria caderneta de poupança. Ainda segundo cálculos da planejadora, com a Selic atual, de 6,75% ao ano, um fundo com taxa de 2,55% ao ano rende ao investidor 62,22% do CDI (taxa que anda de mãos dadas com a Selic). Caso aplicasse os mesmos recursos na caderneta de poupança, o investidor teria um retorno de 82,40% do CDI.
O diretor da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, acredita que, nesse cenário, as instituições financeiras terão de se movimentar. “Os bancos terão de reduzir as taxas, com o risco de perderem clientes se não o fizerem”, diz.
Na prática. A queda da rentabilidade, porém, ainda não foi suficiente para chacoalhar o mercado e espantar o investidor. Segundo a Anbima, de 2015 para 2017, o patrimônio líquido dos fundos de renda fixa cresceu 26%, embora a rentabilidade média das maiores categorias desses produtos tenham recuado de mais de 13% ao ano para um patamar inferior a 9%. “Há um movimento de resgates desses fundos, mas ainda é muito pequeno. Boa parte das pessoas fica na zona de conforto e não repara que seus ganhos estão diminuindo”, diz Myrian.
Segundo especialistas, a alternativa do pequeno investidor nesse cenário é procurar fundos e títulos de bancos menores, distribuídos por corretoras independentes – que praticam taxas mais baratas. “Mas, é preciso prestar atenção no caso da reserva de emergência, que deve estar em aplicações que tenham liquidez – ou seja, recursos que possam ser resgatados a qualquer momento”, diz a pesquisadora da FGV. “Para isso, uma opção é o Tesouro Selic.”
Private. Os grandes bancos, aos poucos, começam a adotar medidas nessa direção, embora ainda muito concentradas no segmento de alta renda. Gilberto Abreu, diretor de investimentos do Santander, afirma que, no ano passado, o banco diminuiu as taxas de alguns fundos de renda fixa que estavam no patamar de 1% ao ano para 0,7% ou até 0,5%. No entanto, para aplicar nesses fundos, é necessário ter ao menos R$ 100 mil no banco.
Outra estratégia foi diminuir o tíquete de entrada de alguns desses produtos. “Fundos que antes eram restritos a investidores qualificados, com mais de R$ 1 milhão, agora estão acessíveis para quem tem R$ 300 mil, por exemplo.” Ele afirma que esse movimento irá continuar este ano. “Devemos ver margens mais apertadas para que o cliente tenha a rentabilidade dele”, destaca.
O Banco do Brasil, em nota, afirmou que “implementou a revisão de seu portfólio de fundos renda fixa, voltados para o público de varejo e de varejo de alta renda, com o objetivo de ampliar o acesso de investidores a produtos com taxas menores e assim, proporcionar ao cliente a oportunidade de melhor rentabilizar seus recursos.” Procurados, Bradesco, Itaú e Caixa não comentaram.
Fonte: Estadão - 19/03/2018
Notícias
- 30/04/2025 Diretor-geral da Aneel pede vista de processo sobre revisão tarifária da Light
- Gás de cozinha é único combustível a registrar alta na semana de 20 a 26 de abril, diz ANP
- Caesb é condenada a indenizar consumidores por falha no fornecimento de água
- Dia do Trabalho: bancos abrem no feriado? E os Correios? Veja o que vai funcionar no 1º de maio
- Condenado homem que forneceu máquina de cartão para extorquir vítima de sequestro relâmpago
Perguntas e Respostas
- Quanto tempo o nome fica cadastrado no SPC, SERASA e SCPC?
- A consulta ao SPC, SERASA ou SCPC é gratuita?
- Saiba quais os bens não podem ser penhorados para pagar dívidas
- Após quantos dias de atraso o credor pode inserir o nome do consumidor no SPC ou SERASA?
- Protesto de dívida prescrita é ilegal e dá direito a indenização por danos morais
- Como consultar SPC, SERASA ou SCPC?
- ACORDO - Em caso de acordo, após o pagamento da primeira parcela o credor é obrigado a tirar o nome do devedor dos cadastros de SPC e SERASA ou pode mantê-lo cadastrado até o pagamento da última parcela?
- CHEQUE – Não encontro à pessoa para qual passei um cheque que voltou por falta de fundos. O que posso fazer para pagar este cheque e regularizar minha situação?
- Problemas com dívidas? Dicas para você não entrar em desespero
- PROTESTO - Qual o prazo para o protesto de um cheque, nota promissória ou duplicata? O protesto renova o prazo de prescrição ou de inscrição no SPC e SERASA?
- Cartão de Crédito: Procedimentos em caso de perda, roubo ou clonagem
- O que o consumidor pode fazer quando seu nome continua incluído na SERASA ou no SPC após o pagamento de uma dívida ou depois de 5 anos?
- Posso ser preso por dívidas ?
- SPC e SERASA, como saber se seu nome está inscrito?
- Acordo – Paga a primeira parcela nome deve ser excluído dos cadastros negativos (SPC, SERASA, etc)