Como evitar que o airbag vire um equipamento mortal
Publicado em 07/05/2018 , por Carolina Muniz
O airbag frontal de um carro abre cinco vezes mais rápido do que um piscar de olhos. Tudo acontece em cerca de 60 milésimos de segundo: uma central eletrônica detecta o impacto, um sinal é enviado ao deflagrador e uma reação química infla a bolsa.
"Uma explosão de gás acontece ali dentro, por isso enche tão rápido", explica Alessandro Rubio, coordenador técnico do Cesvi/Mapfre (Centro de Experimentação e Segurança Viária).
A bolsa de náilon rompe a tampa do volante ou do painel a cerca de 300 quilômetros por hora. A velocidade é essencial para que o airbag receba a tempo o corpo do ocupante assim que ele é projetado para frente em uma colisão.
Desde 2014, os airbags frontais para motorista e carona são obrigatórios em carros novos no Brasil. A rapidez do equipamento pode salvar vidas, mas também causar lesões sérias nas pessoas que estão dentro do veículo, caso elas não estejam posicionadas da forma correta.
"O airbag está lá para proteger, mas não deixa de ser algo agressivo", afirma Marcelo Bertocchi, diretor de segurança veicular da AEA (Associação Brasileira de Engenharia Automotiva).
Um dos maiores perigos para o passageiro é andar com o pé em cima do painel. Se a bolsa for acionada em um acidente, a perna dele pode dobrar para trás e ser lançada contra seu rosto.
Objetos sobre o painel, como suportes para celular, também podem ser arremessados com violência. Por isso, nada deve ser colocado sobre a peça com a inscrição "Airbag", que indica a área a ser rompida pela bolsa em caso de choque.
O caminho entre o airbag e o ocupante deve ficar sempre livre. Segurar um cachorro no colo, por exemplo, põe em risco tanto a vida do animal quanto a do dono.
O cuidado mais importante, claro, é usar o cinto. "O airbag é um dispositivo complementar. Ele ajuda, mas a proteção principal vem do cinto de segurança", diz Bertocchi.
O cinto retém o motorista ou o passageiro e o deixa na posição correta para atingir a bolsa. Sem o cinto, o corpo desliza no banco e o airbag pode ser aberto diretamente no rosto da pessoa.
Para evitar receber uma pancada em vez de ser protegido, o motorista deve ficar a, no mínimo, 25 centímetros do volante —mas nada de reclinar demais o encosto.
No caso de motoristas de baixa estatura, que têm dificuldade para manter a distância recomendada, o ideal é usar prolongadores de pedal para aumentar o espaço.
Se mesmo assim não for possível manter uma distância segura do volante, a recomendação é desativar o airbag.
Essa é uma das situações em que o risco envolvido na abertura da bolsa supera seu benefício, segundo o médico Aly Said Yassine, diretor de tecnologia e inovação da Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego).
O mesmo acontece quando o passageiro tem altura inferior a 1,40 m ou se tem alguma doença que torne difícil manter a cabeça em posição ereta.
Crianças de até dez anos só podem andar no assento dianteiro se não houver outra opção. É o que ocorre em automóveis de apenas dois lugares. Em casos assim, o airbag precisa ser desativado —principalmente se a criança estiver no bebê-conforto, voltada para trás.
Em geral, é possível desligar a bolsa por meio de um interruptor na lateral do painel, que é acionado pela chave do carro. O melhor é verificar as instruções no manual do proprietário.
Algumas montadoras dizem que o sistema de airbag tem validade de 12 a 15 anos, outras não dão especificações sobre isso. Não há prazo determinado por lei para troca preventiva do sistema.
O importante é ficar atento à lâmpada do painel que indica se há algum problema com o sistema. Se estiver tudo certo, a luz permanece apagada, depois de acender rapidamente quando o motor é ligado.
Ao comprar um carro usado, é preciso verificar se a luz de fato acende nesse primeiro momento. Um vendedor mal intencionado pode desativá-la para enganar o comprador e não ter a despesa de consertar o sistema, alerta Oliver Schulze, da comissão técnica de segurança veicular da SAE Brasil (Sociedade de Engenheiros de Mobilidade).
Se a lâmpada permanecer ligada o tempo todo, é necessário levar o veículo à concessionária ou a uma oficina especializada. Lá, um scanner poderá detectar onde está a falha, que pode ser desde um simples mau contato a um defeito que comprometa o funcionamento.
Outra preocupação é verificar se o carro foi chamado no maior recall da história da indústria automotiva, que envolveu mais de 50 milhões veículos de mais de 20 marcas em todo o mundo desde 2008 e dura até agora. No Brasil, foram cerca de 3 milhões de convocados.
Apelidados de "airbags mortais", os equipamentos, fabricados pela fornecedora japonesa Takata, apresentam um defeito no insuflador. Podem explodir e arremessar estilhaços metálicos nos ocupantes.
A falha foi responsável por pelo menos 22 mortes e centenas de feridos. No Brasil, não há relatos sobre vítimas.
Para checar se o carro está envolvido em algum recall, o comprador pode acessar o site portal.mj.gov.br/recall ou ligar para os serviços de atendimento das montadoras.
45 mil
vidas foram salvas nos EUA por airbags frontais de 1987 a 2015, segundo estimativa da NHTSA (Administração Nacional de Segurança Viária, em inglês)
1973
é o ano em que foi lançado o primeiro carro com airbag, o Oldsmobile Toronado
Divulgação/Bosch | ||
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1. Frontal
Obrigatório para carros novos no Brasil desde 2014, abre para motorista e carona em batidas de frente. Rompe o volante e o painel
2. Cortina
Sai do topo das colunas do carro e protege a cabeça dos ocupantes dianteiros e traseiros em impactos laterais e capotamentos
3. Lateral
A bolsa oferece proteção para a área do tórax em colisões laterais e capotamentos. Sai do encosto do banco
4. Assento
Infla embaixo das coxas dos ocupantes para levantar suas pernas e posicioná-los melhor no banco durante colisões frontais
5. Joelho
Abaixo do volante, protege as pernas do motorista e ajuda a segurá-lo para que atinja a bolsa frontal da melhor forma
Fonte: Folha Online - 05/05/2018
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