Taxa de turismo no Brasil: o que é e como funcionam as leis
Publicado em 24/09/2025
Especialistas explicam a validade dessa tarifa, os riscos de judicialização e como o recurso pode melhorar a infraestrutura
A taxa de turismo é uma cobrança feita por municípios que recebem grande fluxo de visitantes, com a justificativa de custear serviços impactados pela atividade turística, como limpeza urbana, conservação de áreas naturais, banheiros públicos, sinalização e infraestrutura viária.
No Brasil, cidades como Aparecida do Norte (SP), Ubatuba (SP) e Ilhabela (SP) já adotaram a cobrança. No exterior, locais famosos como Veneza (Itália) e Barcelona (Espanha) também aplicam taxas semelhantes.
Ilhabela
Maristela Colucci/ Ministério do Turismo
Ilhabela
Publicidade
Quando a taxa de turismo é considerada legal?
Em entrevista ao iG, Caio Augusto Takano, professor de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie, disse que a validade da taxa de turismo depende de requisitos constitucionais bem claros:
“De uma forma geral, é necessário que seja instituída por lei e se prestar a remunerar especificamente um serviço público ou uma fiscalização relacionada ao turismo. Além disso, é indispensável que o serviço público seja específico e divisível, para que seja possível delimitar quem é o beneficiário e em que medida ele usufrui do serviço” , explicou Takano.
Isso significa que a taxa não pode custear serviços públicos gerais, como saúde ou segurança, que beneficiam toda a população de forma indistinta.
Veneza
FreePik
Veneza
Quais os riscos de questionamentos judiciais contra a taxa de turismo?
Ainda de acordo com Takano, muitos municípios desenham mal a cobrança, o que gera ações na Justiça:
“Os questionamentos judiciais contra taxas de turismo decorrem justamente porque, muitas vezes, as pretensas taxas exigidas pelos municípios não observam esses requisitos. Quando se tenta custear serviços públicos gerais e indivisíveis, o risco de invalidação aumenta consideravelmente” , destacou.
Na prática, a maioria das taxas de turismo já analisadas pelo Judiciário foi considerada inconstitucional, como em casos de Olímpia, Campos do Jordão e Ilhabela.
Aparecida do Norte
Ken Chu/Secretaria Turismo SP
Aparecida do Norte
Qual a diferença entre taxa, tarifa e imposto?
Os conceitos costumam gerar confusão, mas Takano esclarece:
Tarifa: não é tributo, mas um preço público, como a tarifa de ônibus ou de energia elétrica;
Taxa: é tributo, mas só pode ser cobrada para custear serviços públicos específicos e divisíveis ou para o exercício do poder de polícia;
Imposto: tributo destinado a custear genericamente os gastos do Estado, sem vinculação direta.
Como a taxa de turismo pode beneficiar a cidade sem afastar visitantes?
Do ponto de vista econômico, o impacto depende mais da gestão do que do valor em si. É o que explicou ao Portal iG Maurício Takahashi, professor de Ciências Econômicas da Universidade Mackenzie:
“O segredo está em cobrar um valor que o turista mal sinta no bolso e garantir que esse dinheiro volte em forma de serviço de qualidade. Se o valor for pequeno perto do custo total da viagem, dificilmente o visitante muda de ideia por causa disso.”
Segundo ele, estudos mostram que pequenos acréscimos não reduzem significativamente o fluxo turístico, especialmente em destinos com forte apelo, como Aparecida (turismo religioso) ou áreas de conservação ambiental.
Transparência é a chave para aceitação social Para que a taxa seja bem recebida pela população e pelos turistas, Takahashi defende regras claras:
“É fundamental que a lei determine que esse dinheiro só pode ser usado para o que o turista realmente percebe, como limpeza urbana, conservação de áreas naturais e banheiros públicos. Além disso, a prefeitura precisa mostrar, a cada três meses, onde a grana da taxa está sendo gasta e se a qualidade da cidade melhorou.”
Ele também sugere a criação de comitês de governança, com representantes da sociedade civil, para acompanhar os gastos.
“Não basta dizer quanto arrecadou, tem que dizer o que melhorou. Quando o turista vê o retorno, ele se torna mais favorável à cobrança” , concluiu o economista.
Fonte: economia.ig - 24/09/2025
Notícias
- 24/09/2025 Lula anuncia aporte de US$ 1 bilhão no Fundo de Florestas Tropicais para Sempre: ‘Brasil vai liderar pelo exemplo’
- Débito automático em conta: veja ponto a ponto o que muda para os consumidores
- Copom reforça Selic em 15% por ‘período prolongado’ e pede perseverança para reancorar expectativas
- Juízes recebem 42,2 vezes mais que a renda média da população fluminense, aponta estudo
- Existem frutas que não podem ser guardadas juntas? Veja dicas para evitar desperdício
Perguntas e Respostas
- Quanto tempo o nome fica cadastrado no SPC, SERASA e SCPC?
- A consulta ao SPC, SERASA ou SCPC é gratuita?
- Saiba quais os bens não podem ser penhorados para pagar dívidas
- Após quantos dias de atraso o credor pode inserir o nome do consumidor no SPC ou SERASA?
- Protesto de dívida prescrita é ilegal e dá direito a indenização por danos morais
- Como consultar SPC, SERASA ou SCPC?
- ACORDO - Em caso de acordo, após o pagamento da primeira parcela o credor é obrigado a tirar o nome do devedor dos cadastros de SPC e SERASA ou pode mantê-lo cadastrado até o pagamento da última parcela?
- CHEQUE – Não encontro à pessoa para qual passei um cheque que voltou por falta de fundos. O que posso fazer para pagar este cheque e regularizar minha situação?
- Problemas com dívidas? Dicas para você não entrar em desespero
- PROTESTO - Qual o prazo para o protesto de um cheque, nota promissória ou duplicata? O protesto renova o prazo de prescrição ou de inscrição no SPC e SERASA?
- Cartão de Crédito: Procedimentos em caso de perda, roubo ou clonagem
- O que o consumidor pode fazer quando seu nome continua incluído na SERASA ou no SPC após o pagamento de uma dívida ou depois de 5 anos?
- Posso ser preso por dívidas ?
- SPC e SERASA, como saber se seu nome está inscrito?
- Acordo – Paga a primeira parcela nome deve ser excluído dos cadastros negativos (SPC, SERASA, etc)