Salário mínimo ideal deveria ser de R$ 7,3 mil; entenda a conta
Publicado em 05/05/2025 , por Vinicius Lara
Especialista analisa levantamento do DIEESE e como o valor real recebido pelo brasileiro está afetando a economia
O s alário mínimo necessário para cobrir as despesas básicas de uma família de quatro pessoas deveria ser de R$ 7.398,94. Os dados do último levantamento do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) em de março de 2025.
O valor é quase cinco vezes maior do que o mínimo oficial, de R$ 1.518,00, e considera gastos com alimentação, moradia, saúde, educação, transporte, lazer, vestuário, higiene e previdência.
O valor do mínimo atual foi definido após reajuste de 7,5% em comparação a 2024.
Há exatos 30, os brasileiros viram o salário ter o maior aumento desde a criação do Plano Real: 42,86%. O reajuste mais baixo foi em 2020, de 0,58%.
Aposentadorias, pensões e outros benefícios
Segundo o contador e administrador Marcello Marin, em entrevista ao Portal iG, mestre em Governança Corporativa e especialista em Recuperação Judicial, essa diferença entre o valor oficial e o cálculo do DIEESE tem uma explicação clara.
"Essa diferença existe porque o salário mínimo oficial é definido com base no que o governo consegue pagar, levando em conta o impacto nas contas públicas — já que ele afeta aposentadorias, pensões e outros benefícios. Já o valor calculado pelo DIEESE mostra quanto seria necessário para uma família de quatro pessoas viver com dignidade, pagando alimentação, moradia, saúde, educação e transporte. Ou seja, o valor do governo considera o que cabe no orçamento público, e o do DIEESE, o que seria justo para o trabalhador”, explica o especialista.
Além do impacto individual, o valor do salário mínimo influencia diretamente na economia. Segundo Marin, quando o valor é muito baixo, o reflexo atinge o consumo interno.
"Quando o salário é muito baixo, as famílias têm menos dinheiro para consumir, o que reduz o movimento do comércio e de vários serviços. Como o consumo é uma das principais forças da economia brasileira, isso pode desacelerar o crescimento. Além disso, um salário baixo aumenta a desigualdade e dificulta que as pessoas melhorem de vida”, explica Marin.
Salário maior pode estimular economia
Marin comenta que ajustes no salário podem ser importantes para estimular a economia e ajudar a população a ter acesso a itens necessários para se ter uma qualidade de vida digna.
"Quando o salário sobe acima da inflação, o trabalhador consegue comprar mais. Isso movimenta o comércio, melhora a arrecadação de impostos e pode até gerar mais empregos. Em outras palavras, o aumento do salário mínimo pode ter um efeito positivo na economia como um todo — desde que o país consiga pagar por isso sem desorganizar as contas públicas”, explica Marin.
Por outro lado, aumento nos pagamentos também trariam mais gastos para as empresas, que não conseguiriam absorver as despesas.
“Se o aumento for muito grande e as empresas não conseguirem absorver esse custo, elas repassam para os preços, o que gera inflação. O risco aumenta se a economia já estiver com os preços pressionados ou se o governo tiver que gastar mais do que arrecada. Por isso, os reajustes precisam ser bem planejados e acompanhados de medidas que aumentem a produtividade do país”, destaca o contador.
Para o contador, a solução para que o salário mínimo oficial possa um dia se aproximar do valor ideal apontado pelo DIEESE passa por políticas públicas de longo prazo.
"A chave está em aumentar a renda média da população. Isso passa por melhorar a educação, oferecer qualificação profissional e criar mais empregos formais. Além disso, políticas que reduzam a desigualdade, como uma reforma tributária mais justa, ajudam a aproximar o salário real do valor ideal para uma vida digna”, enfatiza Marin.
"É possível, sim — mas leva tempo e exige planejamento. O país precisa crescer de forma consistente, aumentar a produtividade e controlar os gastos públicos. Com mais gente trabalhando formalmente e uma economia mais forte, o governo terá mais condições de pagar um salário mais alto sem gerar desequilíbrio”, completa.
Por fim, ele reforça que a definição do salário mínimo deve considerar uma série de variáveis.
"Os principais fatores são o crescimento da economia, a inflação e a situação das contas públicas. Quando o país cresce, arrecada mais, e isso abre espaço para reajustes maiores. Mas se a inflação estiver alta ou o governo estiver muito endividado, o aumento real fica mais difícil”, afirma.
Cesta básica sobe em 14 capitais
Um dos gastos mais altos para as famílias brasileiras vem da alimentação. E apesar das tentativas recentes do governo federal para reduzir os preços, os itens básicos seguem tendo alta nos custos.
Entre fevereiro e março de 2025, o preço da cesta básica subiu em 14 das 17 capitais analisadas pelo DIEESE.
As maiores altas ocorreram na região Sul, com destaque para Curitiba (3,61%), Florianópolis (3,00%) e Porto Alegre (2,85%).
As únicas quedas foram observadas no Nordeste. Aracaju teve a maior redução no período (-1,89%), seguida por Natal (-1,87%) e João Pessoa (-1,19%).
São Paulo continua sendo a cidade com a cesta básica mais cara do país, custando R$ 880,72. Também estão no topo do ranking Rio de Janeiro (R$ 835,50), Florianópolis (R$ 831,92) e Porto Alegre (R$ 791,64).
Nas regiões Norte e Nordeste, os valores são mais baixos. Aracaju tem a cesta mais barata entre as capitais, com R$ 569,48, seguida por João Pessoa (R$ 626,89), Recife (R$ 627,14) e Salvador (R$ 633,58).
Fonte: economia.ig - 05/05/2025
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