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Aposentadoria ou faculdade dos filhos: o que priorizar?
SÃO PAULO - Planejar o futuro nunca foi tão difícil como agora. Afinal, o seu salário não estica, enquanto o mesmo não se pode dizer das suas necessidades financeiras, que parecem se multiplicar todos os dias! Nestas horas é importante lembrar a regra básica do planejamento financeiro: saber priorizar metas!
Se você já passou dos 35 anos, tem filhos pequenos e ainda não acumulou o suficiente, certamente se sente perdido na hora de priorizar entre garantir a faculdade do seu filho e a sua própria aposentadoria. Priorizar, neste caso, parece algo impossível, mas em geral os pais tendem a optar pela necessidade dos filhos.
Mas será que este é o procedimento correto? A resposta não é simples, e depende de cada um. Mas, a menos que esteja disposto a fazer um sacrifício financeiro mais elevado, poupando uma parcela maior da sua renda todos os meses, o ideal é que priorize a sua aposentadoria. Isso não significa, em absoluto, que não deva planejar a faculdade dos filhos, mas que isso deve ser feito, em conjunto ou após o planejamento da sua aposentadoria e abaixo explicaremos o porquê.
Como seus pais conseguiram?
Ainda que o mais lógico seja tentar alcançar objetivos mais próximos, deixando os de longo prazo para depois, em alguns casos isso não é recomendável. E a razão para isso é simples: o fato de adiar pode simplesmente inviabilizar o alcance do objetivo, quando o assunto é aposentadoria.
Provavelmente você ainda não consegue entender o motivo disso, já que seus pais nunca pensaram tanto no futuro quanto você e, mesmo com sua mãe não trabalhando, conseguiram garantir o estudo dos filhos e agora, aposentados, mantém um padrão de vida adequado. A explicação aqui é bastante simples: a demografia mudou muito nos últimos anos.
Vida mais longa e filhos mais tarde
Em primeiro lugar, as pessoas vivem mais. Se a expectativa de vida atual é de que os brasileiros vivam, em média, 71 anos, quando você se aposentar ela será bem maior. Isso sem falar que esta expectativa já é distorcida, no sentido em que não leva em consideração o perfil de cada pessoa.
Em outras palavras, os 71 anos mencionados acima refletem uma média nacional, mas certamente entre as pessoas com maior acesso à saúde, a expectativa de vida já é bem maior e provavelmente bastante próxima dos 80 anos. Isso hoje, mas se você está na faixa dos 35 anos, é possível que quando se aposentar ela seja ainda maior.
Na prática, isso significa que, caso se aposente com a mesma idade dos seus pais, você terá que se sustentar por um período muito mais longo de tempo, o que explica, em parte, a maior dificuldade de planejar o futuro. Mas, não é só isso. Ao contrário dos seus pais, que tiveram filhos na faixa dos 20 anos, você provavelmente esperou para ter os seus após os 30 anos, ou até mais tarde.
Portanto, quando os seus filhos forem para a faculdade, você estará próximo da aposentadoria, com pouco tempo para pensar em acúmulo para si mesmo. Já no caso dos seus pais, eles eram mais novos e, portanto, após o envio dos filhos à faculdade, ainda tinham alguns anos para tentar aumentar o patrimônio.
Menos recursos na aposentadoria
Outra razão pela qual a sua aposentadoria deve vir em primeiro lugar é que a Previdência Social, que antes conseguia garantir aposentadorias maiores, agora se encontra em uma situação financeira extremamente delicada, o que deve levar a novas reformas e, provavelmente, à redução dos benefícios previdenciários que você irá receber ao se aposentar.
Apesar disso, o mercado de trabalho ainda não se adaptou à nova realidade demográfica, de forma que são poucos os profissionais que conseguem se manter na ativa após os 60 anos, ou pelo menos manter o mesmo tipo de remuneração. Muitos até se mantém na ativa, mas trabalham em tempo parcial com rendimentos inferiores. O que isso significa é que, na prática, a sua aposentadoria depende exclusivamente, ou em grande parte, daquilo que você conseguir acumular.
Financiar estudos é relativamente mais fácil
Se, de um lado, a garantia de uma aposentadoria tranqüila depende cada vez mais dos seus esforços, o mesmo não acontece com o financiamento da faculdade dos seus filhos. Em primeiro lugar, existe a possibilidade de levantar empréstimos estudantis, que na época em que você foi para a faculdade não eram tão comuns e incentivados. Isso sem falar no fato de que as próprias faculdades oferecem bolsas e reduções para alunos que não têm condições de arcar com o pagamento do curso.
Outra alternativa cada vez mais comum é a do estudante financiar seus estudos com trabalho. Ainda que esta seja uma opção mais sacrificada, ela não é impossível de ser seguida. Muitos estudantes optam por trabalhar durante o dia, e estudar a noite, mesmo que isso signifique alongar um pouco mais o período de estudo, como forma de se auto-sustentar. A iniciativa acaba ajudando até mesmo na colocação profissional futura, visto que experiência anterior é cada vez mais um pré-requisito, mesmo entre os mais jovens.
Valores necessários são mais altos
Finalmente, você não pode esquecer que, enquanto a duração dos estudos do seu filho varia entre 4 e 6 anos, o mesmo não se pode dizer da sua aposentadoria. As chances de você acabar aposentado por mais de 15 anos são cada vez maiores, o que tem reflexos significativos sobre o valor a ser acumulado.
Outro fato importante é o total dos gastos neste período. Em geral, estima-se que os gastos com educação de uma família respondam por entre 5-7% do orçamento mensal, o que inclui mensalidade, matrícula e livros. É claro que este percentual aumenta à medida em que seu filho for estudar longe de casa. Por isso mesmo, esta é uma opção que deve ser analisada com cuidado.
Ainda que significativos, estes gastos são muito inferiores aos que você terá que arcar na sua aposentadoria. Não só se fala, na maioria dos casos, do sustento do casal, como é preciso garantir habitação, alimentação, saúde etc. Em outras palavras, não só os gastos que terá que arcar ao se aposentar são maiores, como a sua duração também.
Frente à necessidade de acumular mais, e da ausência de fontes alternativas de financiamento, não é difícil entender que a sua aposentadoria deve receber prioridade em termos de planejamento. Porém, o ideal é que o entendimento destes fatores o leve a refletir ainda mais sobre o seu planejamento financeiro, de forma a identificar maneiras de aumentar seu esforço de poupança mensal.
Fonte: InfoMoney, 16 de novembro de 2006. Na base de dados do site www.endividado.com
Se você já passou dos 35 anos, tem filhos pequenos e ainda não acumulou o suficiente, certamente se sente perdido na hora de priorizar entre garantir a faculdade do seu filho e a sua própria aposentadoria. Priorizar, neste caso, parece algo impossível, mas em geral os pais tendem a optar pela necessidade dos filhos.
Mas será que este é o procedimento correto? A resposta não é simples, e depende de cada um. Mas, a menos que esteja disposto a fazer um sacrifício financeiro mais elevado, poupando uma parcela maior da sua renda todos os meses, o ideal é que priorize a sua aposentadoria. Isso não significa, em absoluto, que não deva planejar a faculdade dos filhos, mas que isso deve ser feito, em conjunto ou após o planejamento da sua aposentadoria e abaixo explicaremos o porquê.
Como seus pais conseguiram?
Ainda que o mais lógico seja tentar alcançar objetivos mais próximos, deixando os de longo prazo para depois, em alguns casos isso não é recomendável. E a razão para isso é simples: o fato de adiar pode simplesmente inviabilizar o alcance do objetivo, quando o assunto é aposentadoria.
Provavelmente você ainda não consegue entender o motivo disso, já que seus pais nunca pensaram tanto no futuro quanto você e, mesmo com sua mãe não trabalhando, conseguiram garantir o estudo dos filhos e agora, aposentados, mantém um padrão de vida adequado. A explicação aqui é bastante simples: a demografia mudou muito nos últimos anos.
Vida mais longa e filhos mais tarde
Em primeiro lugar, as pessoas vivem mais. Se a expectativa de vida atual é de que os brasileiros vivam, em média, 71 anos, quando você se aposentar ela será bem maior. Isso sem falar que esta expectativa já é distorcida, no sentido em que não leva em consideração o perfil de cada pessoa.
Em outras palavras, os 71 anos mencionados acima refletem uma média nacional, mas certamente entre as pessoas com maior acesso à saúde, a expectativa de vida já é bem maior e provavelmente bastante próxima dos 80 anos. Isso hoje, mas se você está na faixa dos 35 anos, é possível que quando se aposentar ela seja ainda maior.
Na prática, isso significa que, caso se aposente com a mesma idade dos seus pais, você terá que se sustentar por um período muito mais longo de tempo, o que explica, em parte, a maior dificuldade de planejar o futuro. Mas, não é só isso. Ao contrário dos seus pais, que tiveram filhos na faixa dos 20 anos, você provavelmente esperou para ter os seus após os 30 anos, ou até mais tarde.
Portanto, quando os seus filhos forem para a faculdade, você estará próximo da aposentadoria, com pouco tempo para pensar em acúmulo para si mesmo. Já no caso dos seus pais, eles eram mais novos e, portanto, após o envio dos filhos à faculdade, ainda tinham alguns anos para tentar aumentar o patrimônio.
Menos recursos na aposentadoria
Outra razão pela qual a sua aposentadoria deve vir em primeiro lugar é que a Previdência Social, que antes conseguia garantir aposentadorias maiores, agora se encontra em uma situação financeira extremamente delicada, o que deve levar a novas reformas e, provavelmente, à redução dos benefícios previdenciários que você irá receber ao se aposentar.
Apesar disso, o mercado de trabalho ainda não se adaptou à nova realidade demográfica, de forma que são poucos os profissionais que conseguem se manter na ativa após os 60 anos, ou pelo menos manter o mesmo tipo de remuneração. Muitos até se mantém na ativa, mas trabalham em tempo parcial com rendimentos inferiores. O que isso significa é que, na prática, a sua aposentadoria depende exclusivamente, ou em grande parte, daquilo que você conseguir acumular.
Financiar estudos é relativamente mais fácil
Se, de um lado, a garantia de uma aposentadoria tranqüila depende cada vez mais dos seus esforços, o mesmo não acontece com o financiamento da faculdade dos seus filhos. Em primeiro lugar, existe a possibilidade de levantar empréstimos estudantis, que na época em que você foi para a faculdade não eram tão comuns e incentivados. Isso sem falar no fato de que as próprias faculdades oferecem bolsas e reduções para alunos que não têm condições de arcar com o pagamento do curso.
Outra alternativa cada vez mais comum é a do estudante financiar seus estudos com trabalho. Ainda que esta seja uma opção mais sacrificada, ela não é impossível de ser seguida. Muitos estudantes optam por trabalhar durante o dia, e estudar a noite, mesmo que isso signifique alongar um pouco mais o período de estudo, como forma de se auto-sustentar. A iniciativa acaba ajudando até mesmo na colocação profissional futura, visto que experiência anterior é cada vez mais um pré-requisito, mesmo entre os mais jovens.
Valores necessários são mais altos
Finalmente, você não pode esquecer que, enquanto a duração dos estudos do seu filho varia entre 4 e 6 anos, o mesmo não se pode dizer da sua aposentadoria. As chances de você acabar aposentado por mais de 15 anos são cada vez maiores, o que tem reflexos significativos sobre o valor a ser acumulado.
Outro fato importante é o total dos gastos neste período. Em geral, estima-se que os gastos com educação de uma família respondam por entre 5-7% do orçamento mensal, o que inclui mensalidade, matrícula e livros. É claro que este percentual aumenta à medida em que seu filho for estudar longe de casa. Por isso mesmo, esta é uma opção que deve ser analisada com cuidado.
Ainda que significativos, estes gastos são muito inferiores aos que você terá que arcar na sua aposentadoria. Não só se fala, na maioria dos casos, do sustento do casal, como é preciso garantir habitação, alimentação, saúde etc. Em outras palavras, não só os gastos que terá que arcar ao se aposentar são maiores, como a sua duração também.
Frente à necessidade de acumular mais, e da ausência de fontes alternativas de financiamento, não é difícil entender que a sua aposentadoria deve receber prioridade em termos de planejamento. Porém, o ideal é que o entendimento destes fatores o leve a refletir ainda mais sobre o seu planejamento financeiro, de forma a identificar maneiras de aumentar seu esforço de poupança mensal.
Fonte: InfoMoney, 16 de novembro de 2006. Na base de dados do site www.endividado.com
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